O Blog da Petrobrás, a Internet e o jornalismo

Por Fábio Seixas - junho 9, 2009, 10:30


Tenho visto o bafafá sobre o Blog da Petrobras e tenho achado tudo isso ótimo. Tão ótimo quanto o que acho que vem acontecendo com a indústria da música nos últimos anos.
A Internet muda tudo mesmo. Vêm mudando drasticamente a indústria da música reduzindo a venda de CDs, crucificando modelos de negócios estagnados e fomentando novos modelos criativos além de criar estratégias de divulgação que fogem do comum.
Não seria diferente com outra indústria, a do jornalismo.
A chegada do Blog da Petrobras não trouxe nenhuma novidade. No dia que o primeiro blog corporativo foi publicado, já aconteceu a primeira desintermediação dessa indústria. Uma empresa não precisava mais dos veículos tradicionais para colocar suas informações na rua tirando proveito de uma plataforma que favorece a divulgação da informação.
O que o Blog da Petrobras trouxe foi uma aumento da amplitude dessa desintermediação. Estamos falando de uma empresa de grande importância para o Brasil e qualquer movimento brusco merece reações das partes envolvidas. E em como toda desintermediação, o que está em jogo é o poder do intermediador.
O amigo e jornalista Tiago Dória já falava: "Jornais impressos nunca foram máquinas de fazer dinheiro, mas uma forma de ganhar poder e influência".
Os jornalistas estão alvoroçados porque tal atitude da Petrobras é uma ameaça ao seu poder e influência. Se a Petrobras já não precisa tanto dos veículos tradicionais para divulgar suas informações, ou mesmo questionar esses mesmos veículos, estes se tornam menos influentes, menos manipuladores e portanto, menos poderosos.
A Associação Nacional de Jornais anunciou que repudia a atitude da Petrobras. Já Associação Brasileira de Imprensa apóia a iniciativa. Ou seja, aqueles que defendem a imprensa como uma classe entenderam que isso é uma evolução do segmento, enquanto quem representa os jornais considera isso uma ameaça. Quem detém o poder não é a imprensa em si, mas sim os veículos (jornais) que nela se baseiam.
Em toda grande mudança de paradigma, a primeira reação da parte afetada é questionar a validade da motivação da mudança. Mas a força do meio é mais avassaladora do que a força de qualquer entidade de classe. O problema é que, como em qualquer grande revolução, sempre há aquele primeiro pato que é sacrificado na tentativa de manter o status quo. No caso da indústria da música o pato foi o Napster. No jornalismo nacional, o pato pode ser o Blog da Petrobras.

1 comentários:

Jaiane Lima 17 de junho de 2009 às 13:41  

Nossa, que confusão esta história! Mas como jornalista não posso deixar de me manifestar sobre o assunto.
Discordo completamente da postura da Petrobrás. Não a de manter um blog, mas a de utilizar este meio de forma arbitrária e por vezes antiética.
A evolução da internet e as inovações tecnológicas sempre surgirão e devem sim ser aproveitadas, mas isso com bom senso. Principalmente se vier de uma empresa tão conseituada como a Petrobrás.
Para música, para o jornalismo e para tantas outras coisas haverá sempre aqueles que abusam do que possuem à mão e aqueles que defederão o uso correto de ferramentas e afins.
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Seu blog está cada vez mais interessante Jô!!!
Bjos.
:)

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